Conferencias... (19 de março de 1957)

O público mariliense e as classes representativas em geral, têm apreciado, nos últimos tempos, diversas conferências especiais, proferidas por gente capacitada, que aquí têm comparecido, regra geral, a convite das partes interessadas.

Não ha (como) negar que tudo o que se pronuncia entre nós, espceialmente por técnicos em determinados assuntos, é bastante interessante. Se, por um lado não trazem resultados ou consequências efetivas e reais, pelo menos servem como um sinal de alerta, acerca de inúmeras falhas que se verificam entre nós, e, ainda, de sugestões sobre os meios mais precisos de serem éssas mesmas falhas corrigidas, embora, na maioria das vezes, por uma decorrência que é um verdadeiro fenômeno, éssa corrigenda jamais tenha sido tornada realidade. O que é certo, é que muitas das conferências que temos ouvido ultimamente, são aquilo que podem chamar-se verdadeiras aulas educativas e de alerta.

Sábado último, por exemplo, esteve entre nós o deputado federal por São Paulo, Sr. Carmelo D’Agostinho, sem favor algum, uma das maiores autoridades brasileiras em ciências econômicas. S.S. proferiu importante conferência no salão nobre da Associação Comercial de Marília, presenciada por centenas de marilienses e ouvida por milhares de pessoas, através das ondas das Rádios Dirceu e Vera Cruz. Foi uma verdadeira aula de finanças, onde o conferencista, com raro brilhantismo e perfeito domínio da questão, abordou a situação financeira do país, sob diversos e variados aspectos. Ficamos realmente encantados com a capacidade de esplanação de motivos financeiros, apresentada pelo ilustre deputado federal. Gostamos do modo com que o conferencista abordou as questões econômicas do país, os pontos-base citados, os exemplos evocados, os quadros comparativos tecidos para o público que ouviu atentamente éssa magnífica conferência.

Apenas duas restrições temos a fazer, com referência ao assunto: A primeira, referente à extraordinária capacidade desse deputado, pouco aproveitada na Câmara Federal, onde o mesmo têm, ultimamente, registrado um dos maiores índices de faltas nas sessões; a segunda, que não tenhamos na Câmara Alta um representante genuinaménte mariliense, de igual capacidade de conhecimentos como êsse grande economista patrício.

Daí, a nossa necessidade de falar novamente sobre o imperativo irrefutável de nossa parte, em atenções e maior senso no votar, por ocasião das próximas eleições.

Todos os que aquí têm proferido conferências, sobre os mais variados temas e sobre os mais diversos assuntos, souberam demonstrar qualidades e conhecimentos sobre as questões abordadas. Acontece que todos os que nessas condições têm se apresentado aos marilienses, são políticos conhecidos. Indiretamente, as conferências veiculam propaganda eleitoral, sem nenhum negar.

Nada temos contra éssas pessoas, que, de bôa vontade, aquiescem aos convites formados por gente de nossa terra, aquí, pronunciando conferências como as que estamos referindo. No entanto, bom é que se atente para a necessidade imperiosa que temos, dever mesmo, de sabermos escolher com mais acerto, no próximo pleito eleitoral, nossos legítimos representantes.

Não somos contra as pretensões daqueles que aquí aportam, procurando votos. O que acontece é que somos verdadeiros amantes de Marília e não podemos calar ante uma realidade tão palpável.

Extraído do Correio de Marília de 19 de março de 1957

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O jogo do bicho (26 de outubro de 1974)

O Climático Hotel (18 de janeiro de 1957)

“Sete Dedos”, o Evangelizador (8 de agosto de 1958)