Aproxima-se o Carnaval (7 de fevereiro de 1957)

Avizinha-se o tríduo momesco. Os lares já se inundam com as músicas carnavalescas, difundidas em discos. Os rádios divulgam os sucessos musicais do carnaval. O povo principia a arregimentar-se, formando os “blocos”, “ranchos” e “cordões”. As orquestras preparam-se para a “largada” dos grandes bailes dêsses dias.

Carnaval é festa de rico e de póbre. Todo mundo se diverte. Uns tomam uísque, outros “enchem a cara” de cachaça. Outros distraem-se apenas vendo o movimento louco dos foliões.

Os folguedos são mesmo u’a necessidade do povo. Especialmente do sacrificado povo brasileiro de nossos dias, asfixiado ante tantas dificuldades. Não somos contra o carnaval, embora jamais tivessemos participado ativamente do mesmo. entendemos ser uma distração, um direito de todo o mundo. Somos contrários, isto sim, aos abusos que comumente se processam por ocasião do tríduo carnavalesco, sob desculpas de que “carnaval é assim mesmo”.

Conta-nos a experiência oriunda de nossos mistéres de imprensa, que muitos casos lamentáveis têm acontecido durante os folguedos carnavalescos, muitos excessos e muitos dissabores. E, como sempre, o arrependimento sempre vem tarde.

É porisso que abordamos hoje ésta questão. Como temos feito das vezes anteriores. Com o único objetivo de alertar inocentes ovelhas que poderão ser vítimas de lobos famintos.

Uma brincadeira sadia, bem intencionada, dentro dos princípios morais e de respeito é um coisa; excessos de liberdades, abusos contra a dignidade de menores e famílias, “são outros quinhentos”.

Comumente, após o carnaval, a crônica policial têm registrado fatos dolorosos. Acontecimentos até certo ponto compreensíveis, têm sido precipitados, colocando em vexames famílias brasileiras. Até crianças tem sido lançadas na rua da amargura, durante os folguedos momescos.

Não temos a pretensão de moralizadores e nem de conselheiros. Abordamos o fato do ponto de vista jornalístico. E, sob êsse aspecto, falamos com a experiência citada, aliada ao nosso dever de alertas os marilienses. Aqueles que veem no carnaval, motivos de expansão para procedimentos merecedores de censura, que atentem para as consequências que advirão de tais átos.

O que é certo, é que alguns momentos de livre alegria e atitudes desmedidas, poderão ser objeto de aborrecimentos e desgostos para o resto da vida!

Aqueles que pouco ou nada brincam o carnaval, por certo divertem-se em apreciar os demais participantes ativos da folia carnavalesca. Por isso, ficarão tranqüilos, vendo a festa tradicional decorrer num ambiente de alegria e sinceridade, de respeito, sobretudo.

O povo tem mesmo o direito de divertir-se, de pular o carnaval. Cada qual, de conformidade com suas pósses financeiras (eis que, na maioria das vezes, para divertir-se no carnaval é necessário dinheiro). Que se divirta, então. Que olvide por momentos, as responsabilidades da vida, o sacrifício de ganhar a própria subsistência. Que pule, cante, danse à vontade. Mas que tenha o cuidado de portar-se como gente civilizada.

Êsses são os votos que auguramos aos foliões marilienses, para o carnaval que se aproxima.

Extraído do Correio de Marília de 07 de fevereiro de 1957

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