“Pingue-pongue” de processos... (15 de janeiro de 1957)

Os acontecimentos verificados há dias, na cidade de Franca, com respeito ao caso do leite, que culminaram em mortos e feridos, tomou um aspecto novo, inesperado. Desavieram-se os srs. Governador Jânio Quadros e o prefeito francano, Onofre Gosuen.

O Chefe do Executivo bandeirante, teria incriminado telefonicamente ao Prefeito de Franca, responsabilizando-o, de certo modo, pelos lamentáveis acontecimentos ocorridos naquela cidade paulista. Posteriormente, em declarações à imprensa, o sr. Gosuen teria externado criticas à atual administração do sr. Jânio Quadros, consideradas ofensivas e desmoralizadoras pelo Governador do Estado.

Em consequência, o Chefe do Govêrno paulista ordenou ao titular da pasta da Justiça, a instauração de processo-crime contra o Prefeito Municipal de Franca. O texto do oficio a respeito , conforme já divulgamos, é o seguinte: “Venho solicitar a V. Excia., determine ao Procurador Geral da Justiça, promova a responsabilidade criminal do sr. Onofre Gosuen, prefeito municipal de Franca, em virtude de suas caluniosas declarações, publicadas na segunda edição de hoje, ao “Diário da Noite”, primeira e terceiras páginas. Aproveito o ensejo para apresentar a V. Excia. os meus protestos de elevada consideração e apreço. (as.) Jânio Quadros, Governador do Estado”.

Nós, que somos de fora, como órgão de imprensa que somos, não poderíamos mesmo opinar sôbre razões de uma ou outra parte, como não o fizemos.

O caso agora, tomou nova forma, com um autêntico “pingue-pongue” de processos. O sr. Jânio Quadros, conforme é sabido, está processando o prefeito de Franca, sr. Onofre Gosuen. Êste, vai processar o Governador do Estado.

A respeito, o jornal “Comércio da Franca”, edição de 11 do corrente, noticiando a decisão do prefeito francano, assim se manifesta:

“Conforme divulgamos ontem, estiveram nesta cidade os deputados federais Emilio Carlos, presidente do Diretório Nacional do Partido Trabalhista Nacional, e Benedito Rocha, alto prócer daquela agremiação, a fim de tratarem da defesa do prefeito Onofre Gosuen ao inquérito policial instaurado para apuração dos fatos que culminaram com o assalto popular à Usina Jussara, ocorrido na noite de 6 do atual.

Nesta cidade, os próceres petenistas participaram, anteontem, à noite, de uma reunião realizada no gabinete do chefe do govêrno municipal, com o objetivo de estudar as providências a serem tomadas, em consequência dos acontecimentos do último domingo.

O PREFEITO PROCESSARIA O GOVERNADOR

Os deputados Emílio Carlos e Benedito Rocha, após rápida permanência em Franca, regressaram ontem, pela manhã, pelo avião de carreira da Vasp.

Referindo-se à chegada dos próceres petenistas, a Rádio Cultura, em programa das 11,30 horas de ontem, reproduziu suas declarações de que “a situação em Franca continuava tensa”.

Segundo difundiu ainda a emissôra paulistana, seria pensamento do Prefeito Municipal de Franca processar criminalmente o Governador do Estado, por crime de calúnia e difamação, conforme lhe teriam adiantado os srs. Emílio Carlos e Benedito Rocha, momentos antes chegados de Franca”.

Extraído do Correio de Marília de 15 de janeiro de 1957

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O jogo do bicho (26 de outubro de 1974)

O Climático Hotel (18 de janeiro de 1957)

“Sete Dedos”, o Evangelizador (8 de agosto de 1958)