A Festa do Jornaleiro (25 de janeiro de 1957)

Merece encômios a idéia da Rádio Dirceu, que hoje será levada a efeito, com a propalada Festa do Jornaleiro. Será prestada homenagem significativa, a êsses heróis anônimos, que ao sol ou chuva, frio ou calor, vão de casa em casa entregar aos marilienses seus jornais prediletos.

A humilde classe, que leva aos lares da gente de Marília, como de todos os centros civilizados, as notícias de todo o mundo, a própria vida e de tôdas suas pulsações, traduzidas em letras de forma, será lembrada pelos marilienses, mercê da idéia da “emissora do seu lar”.

Tão nobre é a iniciativa, que encontrou de imediato guarida no coração de todos os marilienses. O “Correio” aderiu de imediato ao movimento. Porque viu nisso um gesto digno, elogiável. Porque achou excelente a oportunidade, de render-se uma homenagem à classe dos jornaleiros. Porque, por outro lado, quase todos nós, que militamos na pobre e sacrificada imprensa interiorana, iniciamos nossos trabalhos no passado, entregando jornais.

O vereador Nasib Cury interessou-se pela manifestação e emprestou inestimável colaboração para que a Festa do Jornaleiro transcorra dentro de invulgar brilho. O mesmo aconteceu com o sr. Prefeito Municipal, que aderiu integralmente ao movimento. O dr. Argolo irá distribuir capas de matéria plástica para os jornaleiros, a fim de que os mesmos se resguardem da chuva, quando nas funções de seus humildes misteres. Não para todos os jornaleiros, porque na cidade não conseguiu adquirir o número suficiente dessas vestimentas, tendo mesmo esgotado o estoque de várias casas comerciais.

O Marília Tenis Clube, vai colaborar objetivamente, cedendo seus salões e seu serviço de bar. O Bar Marrocos, ofereceu os salgadinhos. As indústrias de bebidas “Gatti”, “Sael” e “Bavária”, deram os refrigerantes. As indústrias “Ailiram” balas e doces. Outras firmas comerciais ofereceram outros prêmios, além de particulares, que doaram vários objetos para serem distribuídos aos jornaleiros.

A Festa do Jornaleiro terá lugar hoje, às 13 horas, no Marília Tênis Clube. Os jornaleiros poderão levar suas famílias, para melhor completarem a alegria.

O “cast” artístico da Rádio Dirceu oferecerá à humilde e digna classe, momentos de lazer, com músicas e alegria.

Não só o sr. Prefeito Municipal e outras autoridades aderiram ao movimento, que é, sem sobra de dúvida, dos mais dignos; d. Hugo Bressane de Araujo, arcebispo-bispo de Marília, convidado pela Rádio Dirceu, aquiesceu em comparecer e prestigiar a festa referida, reconhecendo o valor da homenagem.

Anselmo Scarano, gerente dêste jornal, que foi primeiro jornaleiro de Marília, quando a “cidade menina” era um amontoado de casas toscas dentro do mar verde da região, discursará na ocasião, em nome dos jornaleiros de Marília, para agradecer a homenagem prestada à classe. Outras pessoas, por certo, farão uso da palavra, discorrendo sôbre a classe homenageada e sôbre o significado do preito.

E nós, desta coluna e nesta oportunidade, aproveitamos o ensejo para estender a mão aos jornaleiros de Marília, apresentando a todos, indistintamente, o nosso abraço amigo, participando também da homenagem que aos mesmo será tributada.

Extraído do Correio de Marília de 25 de janeiro de 1957

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