U’a homenagem justíssima (6 de outubro de 1956)

Existem razões sobejas, para que nosso jornal venha se ocupando em destacar, durante tôda a semana findante, a homenagem que se tributará ao comendador Cristiano Altenfelder Silva, no dia de amanhã.

Ao par do importante marco de progresso que traduz a inauguração do Pavilhão infantil anexo à Santa Casa, cuja inauguração dar-se-á também amanhã, é mistér que se evidencie o autor da obra.

É imorredoura e inapagável, a gratidão dos marilienses, pelo seu saudoso fundador, Bento de Abreu Sampaio Vidal. Reconhecer os feitos e o amôr que o sr. Bento de Abreu Sampaio Vidal dedicou à Marília é um sentimento natural de todos aqueles que são marilienses autênticos, que pulsam e sentem amor por éstas plagas.

Acontece, que a óbra benemérita iniciada em Marília pelo seu fundador, prossegue agora na perpetuação dos átos de seu genro, o Comendador Cristiano Altenfelder Silva. Sem alardes, êsse homem vem dispendendo parte de sua fortuna em obras assistenciais de nossa cidade. E não são obras de pequena monta. São empreendimentos de vulto, de representação, necessárias, custosas. Ha pouco, tivemos inaugurada a Maternidade da Santa Casa, construída pelo Comendador Cristiano, que amanhã receberá significativa homenagem do povo mariliense. A maternidade referida, custou mais ou menos dois milhões e quinhentos mil cruzeiros. O Pavilhão Infantil, anexo à Santa Casa, que será inaugurado amanhã, custou, inclusive suas instalações, três milhões e quinhentos mil cruzeiros. Enquanto isso acontece, o benemérito cidadão, cuja gratidão Marília lhe tributa com a mais inteira das justiças, está construindo, atrás do nosocômio construído pelo saudoso Bento de Abreu, um majestoso Educandário, que custará aproximadamente três milhões ou mais de cruzeiros, destinado a acomodar meninos órfãos e desamparados.

Além disso, o Comendador Cristiano Altenfelder Silva vai proceder agora a reforma da Catedral e a construção de outra torre, construção de uma cripta interna e remodelação de todos os altares da Sé, cujos trabalhos estão orçados em quatro milhões de cruzeiros.

Dentro em breve, outro empreendimento deverá ser dado aos marilienses, por êsse homem que amanhã receberá o título de “cidadão benemérito de Marília”. Trata-se da construção da Igreja Santa Isabel, que terá lugar ao lado da Santa Casa de Misericórdia.

Vejam os leitores, o porque das homenagens, a razão de que tanto nos preocupamos durante tôda a semana, em destacar os motivos dêsse tributo.

E atentando para a óbra de benemerência e de amor por Marília e seu povo dêsse cidadão, atentem tambem nossos leitores, para o fato de termos entre nós, inúmeras famílias riquíssimas, que jamais se preocuparam a dispender, em favor do progresso de nossa cidade, alguma parte de suas fortunas.

Enquanto êsse homem que nem sequer reside entre nós (apesar de que êstes seriam os desejos dos marilienses) tanto amor tem demonstrado por Marília, temos aqui, marilienses autenticos, que vieram póbres e hoje são milionários, mas que jamais realizaram alguma óbra de vulto dedicada ao progresso da cidade. Muitos dêsses, quando assinam uma lista de contribuições para algum fim beneficente, fazem questão cerrada de faze-lo em plena Avenida, em presença do público.

O nome do Comendador Cristiano é uma bandeira.

Os nomes dos outros, por certo os leitores já advinharam.

As homenagens que amanhã serão tributadas ao Comendador Cristiano A. Silva, serão pequenas para expressar a inteira gratidão dos marilienses, àquele que é de fato um amigo de Marília e seu povo. Mas, dentro da insignificância com que se apresentam, em relação ao sentimento de gratidão que domina os marilienses, no gráu comparativo de suas realizações, ostentam, irretorquivelmente, aquela qualidade indistinguível e inapagavel, que se chama: sinceridade.

Extraído do Correio de Marília de 6 de outubro de 1956

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