“Descanso” forçado (18 de setembro de 1956)

Uma pequena “ferrugem” em nossa saude, obrigou-nos a ficar fora da circulação” por alguns dias. Por isso estivemos ausentes desta coluna no fim da última semana. Agora, embora não totalmente “recuperado”, voltamos a luta, procurando tomar pé com os principais acontecimentos da cidade.

Não estivemos na Câmara Municipal, na última quinta-feira. Não ouvimos, portanto, os ataques que foram dirigidos ao CORREIO DE MARILIA por um vereador coadjuvado por outro edil. No entanto, tivemos conhecimento, embora não tivessemos ouvido a irradiação da “tempestade”. O que nos confortou, foi marilienses que jamais nos visitaram, irem até nossa humilde casa para levar-nos o conforto de sua solidariedade e repulsa aos átos impensados desses dois vereadores. Por outro lado, confortou-nos tambem a atitude dos demais vereadores, que protestaram contra a atuação a respeito dos citados legisladores.

Não ficamos agastados, pois sempre esperamos pedras e não flores de pessoas insensatas. O jornal é uma arma muito mais poderosa do que alguem possa pensar. Tanto pode servir para o bem, como para o mal. O “Correio” só serve para o bem, porque sua orientação é firme, patriótica e bem intencionada. Seus colaboradores são imbuídos do maior espírito de cavalheirismo e senso de trabalho comum, em servir Marília e seu povo. E isso temos feito, acompanhando a vida da cidade, desde os primórdios. Temos prestigiado autoridades e poderes públicos, acompanhando “pari passu” todos os desenvolvimentos deste orgulho que se chama Marília. Temos criticado, construtivamente e continuaremos a criticar, sem que ninguem tenha forcas para impedir-nos tal proceder, porque além do direito que desfrutamos, desfraldamos a bandeira da razão, do bom senso, das boas intenções e do amor a Marília e suas causas.

Todo mundo gosta de levar alguns “confetis”. Os insensatos, gostam disso, de vez em sempre. Ser censurado é que não. Ninguem quer. Quando isso acontece, o jornal não presta, é pasquim, não tem personalidade, etc.

Mas a imprensa que não divulga, que não notícia, que não relata os fatos como eles são, que se acomoda, que aceita pedidos para fazer “cartaz” individualista, que recebe propinas, que engana seus leitores, apresentando como bom um artigo que é mau, que se submete ao servilhismo, que teme grupos ou pessoas, que se curva à situação ou à prepotencia, não é imprensa: é simulacro de imprensa. Então, sim; então é que passa a ser pasquim, não ter personalidade, etc.

Jamais tivemos prevenções contra aqueles que nos atacaram. Apenas tivemos em mira apontar erros, quando foram cometidos. E o temos feito. E continuaremos a fazê-lo. No entanto, agora, depois de tantas chumbadas, somos forçados a parodiar aquele caboclo mirralho lá das margens do rio do peixe: “Agora nóis drómi cum us zóio aberto...”

Extraído do Correio de Marília de 18 de setembro de 1956

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O jogo do bicho (26 de outubro de 1974)

O Climático Hotel (18 de janeiro de 1957)

“Sete Dedos”, o Evangelizador (8 de agosto de 1958)