Devolvido o revolver do Guarda (10 de julho de 1956)

Ha dias, escrevemos nesta mesma coluna, acerca do verdadeiro desastre moral sofrido por um galhardo Guarda Civil, que, na instalação sanitária do Cine Bar, esquecera o revolver de propriedade da Corporação.

Na ocasião, fizemos um apêlo à pessôa que encontrara a arma, para que a devolvesse, uma vez que o soldado estava moralmente abatido e com sua folha de serviços, até certo ponto comprometida.

Ontem, a pessoa que tinha o revolver em seu poder, talvez refletindo bem sobre o caso, resolveu devolver a arma ao seu legítimo dono. Dirigiu-se ao Padre Cesar Luzzio Júnior, vigário da Matriz de Santo Antônio, ao qual confiou a arma. O sacerdote, áto contínuo, encaminhou ao Sr. Chefe da Guarda Civil, o referido revolver.

Não procuramos indagar do sacerdote referido, quem foi a pessôa, por dois motivos: primeiro, porque a ninguem interessará saber quem, movido talvez pelo remorso, devolvesse a arma que conservara em seu poder durante vários dias; segundo, porque o Padre Cesar, como bom sacerdote que é, jamais iria divulgar o segredo, jamais iria trair o sigilo do confessionário.

Nisso tudo, ressalta-se o valor moral e espiritual do sacerdote a confiança ao mesmo depositada pela pessoa que havia encontrado a arma. O gesto merece ser tornado público. Do cidadão que devolveu o revolver, confiando-o ao sacerdote para a entrega sigilosa ao seu legítimo dono, e, deste, que, representando um ponto de confiança moral e espiritual para o outro que tinha uma pesada carga sobre a consciência, foi capaz de fazer a entrega sem divulgar a origem, sem comprometer o nome da pessoa, que embora tivesse conservado consigo o objeto durante alguns dias, reparou o erro da não devolução imediata.

Temos que louvar ambos os gestos, especialmente do homem que com sua atitude, veio prestar um motivo de alívio de consciência a si próprio e de solução para a própria vida profissional para o guarda civil Mario Manzano.

Isso vem atestar, de modo insofismável, que ainda nem tudo está perdido neste mundo, no que diz respeito a moral e a honestidade.

E o caso, que tanto deu para falar e que tantos aborrecimentos déra ao democrático soldado da Guarda Civil, voltou a normalidade.

Como todos os marilienses, estamos satisfeitos pelo desfecho favorável da tormentosa questão.

Extraído do Correio de Marília de 10 de julho de 1956

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