Um mariliense em “Hamlet” (30 de maio de 1956)
“Bela Vista” é o nome de um novo teatro recém-inaugurado em São Paulo. Moderno e confortável, pelo que nos informaram. Condizente com o próprio progresso e as exigências modernas da arte na Capital bandeirante.
A Companhia Nydia Lícia-Sérgio Cardoso, está apresentando no “Bela Vista”, a histórica tragédia de William Shakespeare, em cinco atos e numa tradução de Péricles Eugênio da Silva Ramos, “Hamlet”. Deve ser garantido o seu sucesso.
O fato, porém, que levou-nos hoje a focalizar tal assunto é o seguinte:
Um amigo nosso estando em São Paulo, foi ver “Hamlet, Príncipe da Dinamarca”. No livro-roteiro que recebeu na porta, folheando seu interior, deparou, na constituição do elenco da famosa peça, um nome muito conhecido em Marília. Exatamente o nome de um rapaz que até há pouco exercia suas atividades num banco da cidade. Nosso amigo ficou intrigado: Seria possível? Seria o mesmo personagem seu conhecido dali mesmo da Avenida? E do auditório da Rádio Dirceu?
Ocupou seu lugar, com certeza lamentando intimamente, o alto preço do ingresso. E aguardou o início do espetáculo, enquanto folheava o livro-roteiro.
E o espetáculo começou. E o rapaz entrou em cena. Sim, senhores, em “Hamlet”! E era mesmo o mariliense e o bancário e o moço “habituè” do auditório da Rádio Dirceu! Êsse moço é Wilson Santoni, até há pouco funcionário do Banco Comercial local.
Agora é o nosso amigo que fala: “Para mim foi uma agradável surpresa. Wilson Santoni representa, juntamente com Newton Goldman, Oswaldo Vila Nova, Nilo Odalia, José Silva e José Egydio, os gentis-homens da Guarda. Trabalha bem. Seus diálogos são poucos, mas sua presença e ações mudas no palco, são muitas. Executa a missão a inteiro contento...” E vão por aí afóra as explicações dêsse nosso grande amigo, que voltou anteontem de São Paulo. E arremata: “Ninguém sabia que êle era um artista”...
E nós ficamos então pensando: Quantos artistas-natos não existirão aí por Marília, sem jamais ter apanhado a primeira oportunidade? Ou chegarem a demonstrar as aptidões originárias que conservam dentro de si?
Tudo no mundo é uma arte. Até o viver, hoje em dia. A propósito, nos recordamos mui bem, que há cerca de cinco anos passados, quando um mariliense lançou sua candidatura ao cargo de vereador municipal, chegamos a duvidar de sua capacidade política. O referido moço foi eleito e tem a seu favor, hoje, o mérito inegável de ter sido um dos mais competentes edis marilienses na legislatura passada. Nunca fez demagogia. Nunca trouxe para o plenário um assunto pueril, sem importância. Jamais usou a palavra, quando não fosse para discutir uma questão de relevo. E tôdas as vezes que o fez, soube fazê-lo como poucos.
Hoje em dia, em São Paulo e no Rio, temos nos meios radiofônicos, grandes e projetados valores artísticos. Oriundos de Marília. Todos sabem quem são. Aqui não tiveram jamais oportunidade. Fóra sim; e souberam agarrar-se a ela. O mesmo aconteceu com o Wilson Santoni.
Extraído do Correio de Marília de 30 de maio de 1956
A Companhia Nydia Lícia-Sérgio Cardoso, está apresentando no “Bela Vista”, a histórica tragédia de William Shakespeare, em cinco atos e numa tradução de Péricles Eugênio da Silva Ramos, “Hamlet”. Deve ser garantido o seu sucesso.
O fato, porém, que levou-nos hoje a focalizar tal assunto é o seguinte:
Um amigo nosso estando em São Paulo, foi ver “Hamlet, Príncipe da Dinamarca”. No livro-roteiro que recebeu na porta, folheando seu interior, deparou, na constituição do elenco da famosa peça, um nome muito conhecido em Marília. Exatamente o nome de um rapaz que até há pouco exercia suas atividades num banco da cidade. Nosso amigo ficou intrigado: Seria possível? Seria o mesmo personagem seu conhecido dali mesmo da Avenida? E do auditório da Rádio Dirceu?
Ocupou seu lugar, com certeza lamentando intimamente, o alto preço do ingresso. E aguardou o início do espetáculo, enquanto folheava o livro-roteiro.
E o espetáculo começou. E o rapaz entrou em cena. Sim, senhores, em “Hamlet”! E era mesmo o mariliense e o bancário e o moço “habituè” do auditório da Rádio Dirceu! Êsse moço é Wilson Santoni, até há pouco funcionário do Banco Comercial local.
Agora é o nosso amigo que fala: “Para mim foi uma agradável surpresa. Wilson Santoni representa, juntamente com Newton Goldman, Oswaldo Vila Nova, Nilo Odalia, José Silva e José Egydio, os gentis-homens da Guarda. Trabalha bem. Seus diálogos são poucos, mas sua presença e ações mudas no palco, são muitas. Executa a missão a inteiro contento...” E vão por aí afóra as explicações dêsse nosso grande amigo, que voltou anteontem de São Paulo. E arremata: “Ninguém sabia que êle era um artista”...
E nós ficamos então pensando: Quantos artistas-natos não existirão aí por Marília, sem jamais ter apanhado a primeira oportunidade? Ou chegarem a demonstrar as aptidões originárias que conservam dentro de si?
Tudo no mundo é uma arte. Até o viver, hoje em dia. A propósito, nos recordamos mui bem, que há cerca de cinco anos passados, quando um mariliense lançou sua candidatura ao cargo de vereador municipal, chegamos a duvidar de sua capacidade política. O referido moço foi eleito e tem a seu favor, hoje, o mérito inegável de ter sido um dos mais competentes edis marilienses na legislatura passada. Nunca fez demagogia. Nunca trouxe para o plenário um assunto pueril, sem importância. Jamais usou a palavra, quando não fosse para discutir uma questão de relevo. E tôdas as vezes que o fez, soube fazê-lo como poucos.
Hoje em dia, em São Paulo e no Rio, temos nos meios radiofônicos, grandes e projetados valores artísticos. Oriundos de Marília. Todos sabem quem são. Aqui não tiveram jamais oportunidade. Fóra sim; e souberam agarrar-se a ela. O mesmo aconteceu com o Wilson Santoni.
Extraído do Correio de Marília de 30 de maio de 1956
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