Açúcar, há; o que não há é moralidade (14 de junho de 1956)
Aconteceu, o que se esperava. Pelo menos, o que nós esperavamos. “Sumiu” o açucar em muitas praças. Desapareceu, como num passe de mágica.
E por que?
Simplesmente por isso: porque não existe em muita gente, o sentimento de brasilidade, de solidariedade humana. O que se verifica é a ganância desmedida, imoral, abusiva, desenfreada. Os grandes usineiros dêsse produto, se não são eles próprios, têm representantes diretor e especiais, no próprio Parlamento Nacional. Daí, então, verificarem-se êsses pedidos constantes de aumento do produto. A COFAP negou a primeira vez. E então os monopolistas do açucar principiaram a reter o produto em suas fontes e diminuir, em alguns casos, a produção. Tal sucedendo, o povo teria que sentir. E gritar. A COFAP, numa “camisa de onze varas”, teria que tomar uma providencia. A única saida, seria autorizar o aumento. E então, o açucar aparecerá, com o mesmo encanto e rapidez que sumiu do mercado!
A COFAP, nesse caso do açucar, tornou-se impotente. Terá que escolher entre os dois caminhos: ou autorizar o aumento de preço do açucar, ou importar o produto. As duas alternativas são vergonhosas e não condizentes com os interesses nacionais.
Dias mais, dias menos, o aumento será autorizado. Então, o açucar jorrará de todo o canto, lotando depósitos e armazens. Será exposto até nos passeios das ruas, defronte a estabelecimentos comerciais poderosos, que no momento ocultam o produto, criminosamente.
O caso até parece que já nem é da COFAP. É da polícia, uma vez que trata-se de um crime contra a economia popular.
Em Marília, desgraçadamente, já está se verificando essa imoralidade. Parece-nos que existem casas comerciais poderosas, que já estão pondo em prática o referido expediente. E, o mais interessante, é que são firmas que enriqueceram no passado, por ocasião da guerra, sonegando artigos de primeira necessidade e vendendo no “câmbio negro” generos pautados no racionamento da ocasião.
Aqui vai o nosso apelo. Humano apelo: Não façam isso com o povo, senhores comerciantes. Não sacrifiquem mais essa gente, que habitando o “país mais rido do mundo”, vive sub-alimentada, semi-nua, tiritando de frio!
É preciso que o sentimento de fé cristã possa, nesse caso, habitar entre êsses magnatas desbriados, êsses sugadores do sangue do pobre brasileiro, como se fossem ventosas. O caso já é de fundo moral, cristão. Profundamente moral. O caso é de vergonha nacional. Isto, porque açucar, há; o que não há, nesse campo, é moralidade!
Extraído do Correio de Marília de 14 de junho de 1956
E por que?
Simplesmente por isso: porque não existe em muita gente, o sentimento de brasilidade, de solidariedade humana. O que se verifica é a ganância desmedida, imoral, abusiva, desenfreada. Os grandes usineiros dêsse produto, se não são eles próprios, têm representantes diretor e especiais, no próprio Parlamento Nacional. Daí, então, verificarem-se êsses pedidos constantes de aumento do produto. A COFAP negou a primeira vez. E então os monopolistas do açucar principiaram a reter o produto em suas fontes e diminuir, em alguns casos, a produção. Tal sucedendo, o povo teria que sentir. E gritar. A COFAP, numa “camisa de onze varas”, teria que tomar uma providencia. A única saida, seria autorizar o aumento. E então, o açucar aparecerá, com o mesmo encanto e rapidez que sumiu do mercado!
A COFAP, nesse caso do açucar, tornou-se impotente. Terá que escolher entre os dois caminhos: ou autorizar o aumento de preço do açucar, ou importar o produto. As duas alternativas são vergonhosas e não condizentes com os interesses nacionais.
Dias mais, dias menos, o aumento será autorizado. Então, o açucar jorrará de todo o canto, lotando depósitos e armazens. Será exposto até nos passeios das ruas, defronte a estabelecimentos comerciais poderosos, que no momento ocultam o produto, criminosamente.
O caso até parece que já nem é da COFAP. É da polícia, uma vez que trata-se de um crime contra a economia popular.
Em Marília, desgraçadamente, já está se verificando essa imoralidade. Parece-nos que existem casas comerciais poderosas, que já estão pondo em prática o referido expediente. E, o mais interessante, é que são firmas que enriqueceram no passado, por ocasião da guerra, sonegando artigos de primeira necessidade e vendendo no “câmbio negro” generos pautados no racionamento da ocasião.
Aqui vai o nosso apelo. Humano apelo: Não façam isso com o povo, senhores comerciantes. Não sacrifiquem mais essa gente, que habitando o “país mais rido do mundo”, vive sub-alimentada, semi-nua, tiritando de frio!
É preciso que o sentimento de fé cristã possa, nesse caso, habitar entre êsses magnatas desbriados, êsses sugadores do sangue do pobre brasileiro, como se fossem ventosas. O caso já é de fundo moral, cristão. Profundamente moral. O caso é de vergonha nacional. Isto, porque açucar, há; o que não há, nesse campo, é moralidade!
Extraído do Correio de Marília de 14 de junho de 1956
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