Um problema, uma Calamidade (28 de fevereiro de 1956)

Repetidas vezes temos dito, daqui dêste cantinho do “Correio”, da necessidade urgente em que nossas autoridades deverão lançar mão, para solver o angustiante problema existente em Marília, no que tange à imiscuidade de meretrizes e famílias em determinados trechos de nossas vias públicas.

Por lei, parece-nos que a chamada “zona do meretrício” em Marília é delimitada. Não sabemos, agora, quais os limites do núcleo. Ignoramos se as decaídas estão invadindo a zona residencial ou se as famílias estão adentrando em seara alheia. O que é certo – e indiscutível – é que numa cidade moderna e progressista como Marília, essa salada, calamitosa e degradante – frise-se bem –, está a exigir as atenções de quem de direito.

Não estamos contra as infelizes mulheres que adotaram a profissão de mercantilizar o amor. Pela nossa experiência da vida, entendemos que o meretrício é aquilo que se possa chamar “um mal necessário”. Mas pensamos que as atividades das messalinas, oficializadas deverão cingir-se a um trecho isolado, delimitado. De preferência afastado de zonas residenciais.

Em Marília, tal coisa não acontece. As mulheres de vida fácil residem intercaladamente, em grande parte, onde moram outras pessoas. Estamos vendo aqui, uma imiscuidade lamentavel de crianças, senhoras, senhoritas e meretrizes, como se o fato fosse uma coisa muito natural. No entanto, o fato é degradante. E condenável.

Quem transita pelas Ruas D. Pedro, Prudente de Moraes, 9 de Julho, Campos Sales e outras, antes e depois da Rua Bonfim – a via do pecado –, constatará o que estamos afirmando. Aliás, isso não é segredo para ninguém.

Está errada, a nosso ver, a situação.

O problema está a exigir providencias, pois já é uma calamidade.

Extraído do Correio de Marília de 28 de fevereiro de 1956

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