Rapazes, cuidado! (14 de março de 1956)

Cuidado, rapazes casadoiros! Muito cuidado, porque o mundo de nossos dias anda de pernas para o ar. Homens “virando” mulheres... Mulheres “virando” homens...

O que pensariam nossos austeros antepassados, aquêles homens que tinham um orgulho imenso em bater nos peitos e que consideravam um fio de barba como um documento? E aquelas mulheres que eram tipicamente femininas? Que não usavam decotes, que não vestiam calças compridas e jamais mostravam as pernas acima dos tornozelos?

Pois bem, o “negócio” hoje é diferente... Modernismo? Sinal dos tempos? Não sabemos... O que nos consta é que parece que a moda “pegou”. A três por dois, muda-se de sexo, como a coisa mais natural do mundo. Sim, natural, pois a própria medicina explica a causa como um fenômeno dos mais naturais.

Acontece que ôntem passávamos os olhos por sôbre um jornal da Capital e líamos, estupefatos, o caso da mulher que “virou” homem, dois meses após casada! E o caso não aconteceu em Nova Iorque, não. Nem na Alemanha Ocidental. Foi ali em São Paulo, na São Paulo da garôa...

Ela, Sandra. Êle, Ângelo. Ela, aeromoça. Êle, comerciário. Encontraram-se, namoraram-se. Noivaram. Casaram. Tiveram, como todos os casais, a sua lua de mel. Montaram o lar. Pouco depois, Ângelo notou que sua espôsa gostava muito de usar e abusar de trajes masculinos. Modificava gradativamente as suas atitudes. Seus beijos – é o jornal que descreve – já não tinham aquêle dulçor tipicamente feminino, aquêle langor emolente, que desperta uma quebradeira gostosa nos nervos, uma lassidão, uma antevisão do paraiso. Nada disso. O beijo de Sandra, era então, algo dominador. Sua boca não se oferecia como antes – diz a notícia. Arrecadava, a tempo e a horas, nos ímpetos que ela e só ela criava. Nenhuma passividade de mulher que se faz conquistar. Ao contrário, ativa e absorvente, não escondia o sabor acre de um beijo dado e não colhido.

E o marido, que vivia dando tratos ao bestunto, para atinar com aquela transformação, teve provas da realidade: Sandra tinha amantes! Sim, amantes. Mas do sexo feminino. As cartas que ela remetia a sua “adorada” Carmélia, regressaram, porque a outra mudara de endereço. E o marido ficou numa “sinuca” dos diabos. Interpelou a mulher. Esta não respondeu e fugiu de casa. Agora o caso está na Justiça. Ângelo pede anulação do casamento. Os magistrados incumbidos do manuseio do processo irão decidir.

Ângelo agora deve, com certeza, desconfiar de tôdas as mulheres.

Também, depois de uma “Experiência” dessas, não é para menos...

Extraído do Correio de Marília de 14 de março de 1956

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