O estudo e seu preço (02 de março de 1956)
Nos dá conta a imprensa paulistana, de um caso “sui gêneris” no Brasil: a luta de determinados estabelecimentos educacionais, pelos canais jurídicos, com o objetivo de arbitrar os preços das matrículas e taxas escolares, a bel prazer.
Certas escolas, que demonstraram sobejamente o grande espírito comercial, ganharam, nas barras da Justiça, a infausta causa. Em detrimento do próprio povo estudantil.
Não compete a nós, analisar a resolução do órgão controlador de preços que fixou o “teto” das taxas e matrículas escolares. Também não pretendemos insinuar qualquer coisa a respeito da ganha de causa referente ao mandato de segurança impetrado pelas escolas e provido pela Justiça. Procuramos, nesta apreciação, analisar apenas o que diz respeito à maioria – estudantes e os pais dêstes, aquêles que arcarão agora, com maiores pagamentos de taxas e matrículas escolares.
Dos muitos absurdos que existem no Brasil, o problema da educação é um dêles. Gritante e grandioso, infelizmente.
Revelou-nos o último censo que é bem grandinha a porcentagem de analfabetos no Brasil. Inúmeras são as causas. O estudo em nosso país, é difícil, desde seus primeiros dias. Agora mesmo, esbraveja a imprensa nacional, clamando atenções das autoridades competentes e apontando a cifra assustadora de crianças em idade escolar, sem matrícula nos estabelecimentos respectivos, por deficiência de vagas. O curso intermediário e superior, hoje em dia, não é para qualquer pessoa. Além do custo das taxas e das matrículas, a despeito dos preços do material escolar, existe aquêle outro problema que é um verdadeiro fantasma, uma barreira às pretensões de muito estudante pobre: as dificuldades de matrícula, o limitadíssimo número de vagas.
Entram e saem govêrnos, mas ninguém até agora conseguiu solver êste tormentoso problema nacional. As coisas cada vez mais pioram.
Não discutimos a legalidade da atitude das escolas que foram a Juizo, defender o direito de cobrar maiores preços. Censuramos, isto sim, a ação em si. Consideramo-lo mencantilista. Consideramo-la contrária à classe estudantil, porque, desta vez, mais do que nunca, veio demonstrar, que a sagrada missão de ministrar conhecimentos, hoje em dia, para muita gente e para muitas escolas, perdeu aquêle sentido de sacerdócio, aquela missão de patriotismo, para dar lugar a interêsses puramente comerciais.
É de se lamentar!
Extraído do Correio de Marília de 02 de março de 1956
Certas escolas, que demonstraram sobejamente o grande espírito comercial, ganharam, nas barras da Justiça, a infausta causa. Em detrimento do próprio povo estudantil.
Não compete a nós, analisar a resolução do órgão controlador de preços que fixou o “teto” das taxas e matrículas escolares. Também não pretendemos insinuar qualquer coisa a respeito da ganha de causa referente ao mandato de segurança impetrado pelas escolas e provido pela Justiça. Procuramos, nesta apreciação, analisar apenas o que diz respeito à maioria – estudantes e os pais dêstes, aquêles que arcarão agora, com maiores pagamentos de taxas e matrículas escolares.
Dos muitos absurdos que existem no Brasil, o problema da educação é um dêles. Gritante e grandioso, infelizmente.
Revelou-nos o último censo que é bem grandinha a porcentagem de analfabetos no Brasil. Inúmeras são as causas. O estudo em nosso país, é difícil, desde seus primeiros dias. Agora mesmo, esbraveja a imprensa nacional, clamando atenções das autoridades competentes e apontando a cifra assustadora de crianças em idade escolar, sem matrícula nos estabelecimentos respectivos, por deficiência de vagas. O curso intermediário e superior, hoje em dia, não é para qualquer pessoa. Além do custo das taxas e das matrículas, a despeito dos preços do material escolar, existe aquêle outro problema que é um verdadeiro fantasma, uma barreira às pretensões de muito estudante pobre: as dificuldades de matrícula, o limitadíssimo número de vagas.
Entram e saem govêrnos, mas ninguém até agora conseguiu solver êste tormentoso problema nacional. As coisas cada vez mais pioram.
Não discutimos a legalidade da atitude das escolas que foram a Juizo, defender o direito de cobrar maiores preços. Censuramos, isto sim, a ação em si. Consideramo-lo mencantilista. Consideramo-la contrária à classe estudantil, porque, desta vez, mais do que nunca, veio demonstrar, que a sagrada missão de ministrar conhecimentos, hoje em dia, para muita gente e para muitas escolas, perdeu aquêle sentido de sacerdócio, aquela missão de patriotismo, para dar lugar a interêsses puramente comerciais.
É de se lamentar!
Extraído do Correio de Marília de 02 de março de 1956
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