Feliz Govêrno “seu” Juscelino! (2 de fevereiro de 1956)

Na ocasião em que começou a ferver o caldeirão da intriga e da confusão nacional, quando principiaram a se conhecer oficialmente os resultados das eleições de 3 de outubro, viemos a público, com nossos despretenciosos escritos, defender a legalidade do regime democrático, o respeito à Constituição e a posse do Presidente eleito.

E o fizemos perfeitamente à vontade, porque não tínhamos votado no atual Presidente da República. Em um de nossos artigos, citamos alguns fatos que não são novidade para ninguém. Referimo-nos a certas manobras que campeavam pelas hostes políticas e que desejavam anular as eleições. Pretendiam usar o ilegal, sob a aparência da legalidade. Não viemos acusar ninguém. Apenas comentamos a questão, sob o ponto de vista jornalístico. Tal comentário desagradou alguns de nossos leitores, que nos interpretaram como enamorados de partido político que indicou ou apoiou o então candidato Kubitschek.

No entanto, tal representa a verdade. Jamais empunhamos qualquer bandeira política. O que sucede, é que somos daquêles que se ufanam da democracia nacional, apesar das falhas que apresenta. E, nessas condições, nos manifestamos pela sua vigência. Nos pronunciamos pela posse dos eleitos, que representou a vontade da maioria dos brasileiros.

Aconteceu, então, o que tinha mesmo que suceder. Os que foram sufragados pelo povo, em voto secreto e democrático, foram empossados anteontem.

Em seu discurso de posse, o ex-Governador das alterosas jurou servir com todo o empenho e com a melhor da boa vontade, ao povo brasileiro. Prometeu interessar-se e atacar os problemas principais da vida nacional. Transporte, energia elétrica, educação, alimentação, etc..

Nós desejamos ao sr. Juscelino Kubitschek, novo Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil, um govêrno de paz social e harmonia, de trabalhos, de garantias ao povo do interior, de ausência de políticas e politicagens nos círculos governamentais, de melhor financiamento à lavoura, de uma reforma cambial, de estradas, e muitas coisas mais, tanto prometidas pelos govêrnos anteriores e tão grandemente relegadas ao esquecimento.

O povo brasileiro, que cerre fileiras em torno do novo Chefe de Govêrno, dando-lhe apoio integral, confiança e solidariedade. Com estas condições, terá o novo Presidente da República um grande estímulo para desincumbir-se da missão difícil que lhe pesa sôbre os ombros. E maiores facilidades para executar suas promessas e planos governamentais.

Feliz Govêrno, “seu” Juscelino!

Extraído do Correio de Marília de 2 de fevereiro de 1956

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