COMAP, onde estás? (21 de fevereiro de 1956)

Não sabemos de a COMAP está ou não em atividades. Pelo visto, se constituída, está submergida num mar de inércia, de sonolência, de pusilanimidade. Está inativa.

Muita coisa existe de errada por aí, a reclamar a presença de uma fiscalização alguma coisa enérgica e persistente. Como se já não bastassem os preços elevadíssimos de tudo o que é necessário à subsistência do mariliense, os abusos se repetem a cada momento. Quem se der ao trabalho de ir consultar os preços de verduras e frutas no Mercado Municipal e nas Feiras Livres, convirá conosco.

Antigamente, mesmo antes da existência da COMAP, a Prefeitura fazia afixar em lugar visível no próprio Mercado Municipal, um quadro negro com os preços de tudo o que ali se adquire. Hoje, com o referido “placard” mudo, o mariliense está à mercê das arbitragens descontroladas e pirotécnicas dos preços das coisas. Muitas vezes, os comerciantes do Mercado não têm tôda a culpa. Os intermediários indesejáveis têm a maior responsabilidade. O que é certo é que as coisas andam de desesperar quaisquer chefe de família. Um quilo de tomates, a 30 cruzeiros! Até o xuxú, que há pouco até os porcos recusavam, custa os olhos da cara! Bananas, frutas, um absurdo. Tudo, enfim.

Recomendamos aos responsáveis pela COMAP, que se dêem ao trabalho de auscultar os preços dessas coisas. E, que, ao par dessa providência, se coloquem no lugar de um chefe de família, um operário, por exemplo, que perceba o salário mínimo, pague aluguel de casa e tenha três ou quatro filhos para sustentar.

A COMAP deverá entrar em ação, em beneficio do povo mariliense. Se possível seus membros deverão ser representantes do povo e não integrantes de grandes firmas ou indústrias, para melhor sentir nas próprias carnes, a necessidade de trabalhar e melhor apreciar as coisas, pelo lado que devem ser apreciadas: o lado do povo.

COMAP, onde estás?

Extraído do Correio de Marília de 21 de fevereiro de 1956

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