Carnaval em Decadência (16 de fevereiro de 1956)

A julgar pelo tríduo (que é quatríduo) carnavalesco que findou, não há dúvidas de que o carnaval está mesmo em decadência. Pelo menos em Marília.

O chamado carnaval de rua, apresentou êste ano um autêntico fracasso. Verdade é que as três primeiras noites tiveram o andamento normal das folias momisticas um tanto prejudicadas pela chuva que caiu insistentemente sôbre a cidade. Mesmo assim, muito mariliense abandonou o aconchego do lar e postou-se ao longo da Avenida Sampaio Vidal, para apreciar aquilo que se chama corso e que, desta vez, não passou de um desfile de veículos.

Não fosse o espírito brincalhão de Consuelo Castilho, o popular “C.C.”, com seu elefante fabuloso a percorrer as ruas, a presença do Cordão IV Centenário e um ou outro grupo improvisado de foliões desarmoniosos, teríamos visto, nas ruas, apenas um desfile de veículos.

Não vimos as batalhas de confetis e serpentinas e nem tampouco o uso alargado de lança-perfume. O lança-perfume, desta vez, foi substituído por água (muitas vezes suja), esguichada por bisnagas de matéria plástica. Processo mais barato sem dúvida, porém muito inconveniente.

Nos salões, as três primeiras noites estiveram desanimadas. Muito longe dos carnavais anteriores. A última noitada contou com maior animação, sem, no entanto, ter atingido o “clímax”.

Neste ano, o carnaval em Marília, ao que nos parece, registrou o “record” de usa frieza, E, considerando isso, poderá dizer-se, sem receio de êrro, que o carnaval está mesmo em decadência.

Extraído do Correio de Marília de 16 de fevereiro de 1956

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