Até o Milho? (03 de março de 1956)
Rapidamente ouvimos o locutor anunciar, através do microfone de uma poderosíssima emissôra paulistana, que a COFAP estaria estudando meios e condições, para importar milho dos Estados Unidos.
A princípio, duvidamos daquilo que ouvíramos. Seria possível? Importar milho dos Estados Unidos? Um produto que no Brasil não tem preço por ocasião das colheitas e que para o produtor continua sempre oferecendo o mais baixo preço do mercado?
O milho é um cereal de primeira grandeza, indispensável para o tratamento de animais. Para os racionais, seu emprego é ilimitado – no Brasil, infelizmente, quase ninguém sabe utilizar as suas propriedades nutritivas. Seu plantio é fácil; não carece de adubagens, de terrenos especiais. Quase não dá trabalho ao lavrador. Depois da semente lançada ao chão, apenas uma carpa é suficiente – às vezes, nem isso.
O milho, uma grande riqueza da lavoura nacional, jamais foi colocado em seu devido lugar. Ninguém se interessou – uma ocasião sequer –, pelo incentivo de sua cultura. Pela garantia de seus preços mínimos. Pela fixação de seu preço “teto”. Ninguém...
Por isso, hoje em dia, o lavrador só planta milho “para o gasto”. Quem planta o cereal aludido em quantidade que exceda ao consumo próprio, é porque se utiliza de “um talhão” ou o faz intercaladamente com outros produtos. Ninguém, jamais, no Brasil, procurou cuidar exclusivamente de uma roça de milho, para vender a colheita. Ninguém.
Ora, nessas condições, um dia a própria economia nacional teria mesmo que sentir a ausência dêsse produto no mercado. Teria, e está sentindo agora. E o que aconteceu? Aconteceu o que sempre sucede em tais ocasiões: os responsáveis, ao invés de tratar de resolver a questão tratando-a desde a origem e suas causas, foram pelo meio mais fácil – para êles. Entenderam que deslocando divisas e importando o produto dos Estados Unidos a situação ficará resolvida.
Francamente! Ou a COFAP é muito ingênua, é muito inepta... ou mal intencionada!
Extraído do Correio de Marília de 03 de março de 1956
A princípio, duvidamos daquilo que ouvíramos. Seria possível? Importar milho dos Estados Unidos? Um produto que no Brasil não tem preço por ocasião das colheitas e que para o produtor continua sempre oferecendo o mais baixo preço do mercado?
O milho é um cereal de primeira grandeza, indispensável para o tratamento de animais. Para os racionais, seu emprego é ilimitado – no Brasil, infelizmente, quase ninguém sabe utilizar as suas propriedades nutritivas. Seu plantio é fácil; não carece de adubagens, de terrenos especiais. Quase não dá trabalho ao lavrador. Depois da semente lançada ao chão, apenas uma carpa é suficiente – às vezes, nem isso.
O milho, uma grande riqueza da lavoura nacional, jamais foi colocado em seu devido lugar. Ninguém se interessou – uma ocasião sequer –, pelo incentivo de sua cultura. Pela garantia de seus preços mínimos. Pela fixação de seu preço “teto”. Ninguém...
Por isso, hoje em dia, o lavrador só planta milho “para o gasto”. Quem planta o cereal aludido em quantidade que exceda ao consumo próprio, é porque se utiliza de “um talhão” ou o faz intercaladamente com outros produtos. Ninguém, jamais, no Brasil, procurou cuidar exclusivamente de uma roça de milho, para vender a colheita. Ninguém.
Ora, nessas condições, um dia a própria economia nacional teria mesmo que sentir a ausência dêsse produto no mercado. Teria, e está sentindo agora. E o que aconteceu? Aconteceu o que sempre sucede em tais ocasiões: os responsáveis, ao invés de tratar de resolver a questão tratando-a desde a origem e suas causas, foram pelo meio mais fácil – para êles. Entenderam que deslocando divisas e importando o produto dos Estados Unidos a situação ficará resolvida.
Francamente! Ou a COFAP é muito ingênua, é muito inepta... ou mal intencionada!
Extraído do Correio de Marília de 03 de março de 1956
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