Gente Feliz! (26 de janeiro de 1956)

Hoje em dia, em quase tôda a infância, a vida norte-americana tem forte influência na formação moral de grande parte dos povos do mundo.

Exceto na Rússia e em outros países satélites do bolchevismo, o americanismo é bastante admirado. Na realidade, é o povo que melhor sabe impressionar e fazer sua propaganda no exterior. Começando pelo cinema, os norte-americanos sabem empolgar e influir psicologicamente nos espíritos em formação e mesmo naquêles que pensam sensatamente e que têm, por excelência, princípios democráticos.

O autor destas linhas, esteve em sua infância, perdido de amores pelos “yankees”, em conseqüência das histórias apreciadas em películas cinematográficas. Posteriormente, passou a sentir uma certa repulsa pelos norte-americanos, quando, erroneamente, os interpretava como um povo desalmado e conquistador, intransigente em seus postulados doutrinários e convencido de si próprio. Mais tarde, tivemos o ensejo de viver, compulsoriamente, por mais de um ano, com aquêle povo. Já melhor amadurecidos em nossos modos de pensar, isento daquêles sentimentos de fantasias infantis que nos proporcionavam os filmes cinematográficos, pudemos aquilatar o quanto de verdadeira e grandiosa é a democracia norte-americana. E passamos então, sensatamente, a pertencer ao grande exército do americanismo.

O norte-americano é um povo organizado e trabalhador. Sabe dar valor a quem o tem. Sabe respeitar a quem o respeita. Sabe considerar a quem o considera. Em resumo, é um povo que tem uma vida normal, que ostenta o maior índice de conforto e controle hoje em dia. O país é um dos mais organizados e controlados que existe. O maior exportador do mundo. O mais rico do universo.

Quem pode fazer de uma nação a mais rica, a mais controlada, a de maior conforto e a de maior condição exportadora do mundo? Só o povo dessa nação.

Agora mesmo, estamos lendo, num importante órgão da imprensa paulistana, um telegrama da “Associeted Press”, procedente de Washington, que nos dá contas dos seguintes têrmos:

“O govêrno anunciou que no mês de dezembro último, o custo de vida nos Estados Unidos diminuiu.

“O Bureau de Estatística do Departamento do Trabalho informou que o índice do custo de vida declinou de três décimos de um porcento sôbre o nível de novembro para 114,7% do período base 1947-49.

“Os preços menores para os transportes, aumentos e aluguéis lideraram a diminuição de dezembro, o primeiro movimento descendente desde agosto de 1955”.

Pensando no conteudo dêsse despacho telegráfico e pensando na vida atual do Brasil e tendo ainda conhecimento das dificuldades vigentes em outras partes do mundo, não existem razões para se admirar o povo norte-americano, essa gente feliz?

Extraído do Correio de Marília de 26 de janeiro de 1956

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O jogo do bicho (26 de outubro de 1974)

O Climático Hotel (18 de janeiro de 1957)

“Sete Dedos”, o Evangelizador (8 de agosto de 1958)