Carne a mais de Cr.$ 40,00! (10 de janeiro de 1956)

Existe em Marília, uma tabela estipulando o preço de carne de vaca, de primeira qualidade, à razão de Cr.$ 30,00 cruzeiros por unidade de quilo. A referida tabela, por si só, já apresenta um erro grande, concernente aos tipos de carnes. Tanto com ossos como desossadas, o preço é idêntico, o que está errado.

Acontece que muitos açougues de Marília estão desrespeitando a tabela, em detrimento da economia popular. Estão vendendo a carne a preço que por vezes chega a atingir quarenta e cinco cruzeiros o quilo. Explicando melhor, vendem pesos de carne, inferiores a uma unidade de quilo, por preços que, proporcionalmente, ultrapassam os normais (que já são elevadíssimos).

Não pensem os leitores que estamos divagando sobre a questão. O redator déstas linhas deu-se ao cuidado de verificar, pessoalmente, tais fatos. Vários açougues cobram da maioria dos freqüentadores, 28, 30 e 32 cruzeiros, por um peso de 600 a 700 gramas. Nessas condições, o quilo de carne sai para mais de quarenta cruzeiros, o que é um autêntico roubo.

Há então necessidade de que as pessôas interessadas, ao adquirirem carne, principalmente as pessôas póbres, que, nem sempre, pódem comprar um quilo desse indispensável produto, fiquem “de olho” nas balanças dos açougues, para aquilatarem a justeza do preço cobrado.

Sábado último, o responsável por ésta coluna adquiriu um peso de carne num açougue da Rua Coronel Galdino. O açougueiro atirou na balança um pedaço do produto, que pesou 700 gramas e, com desfaçatez exigiu a soma de Cr.$ 30,00. Como tivéssemos mentalmente feito o calculo, ponderamos que o preço exato seria de Cr.$ 24,50 e não Cr.$ 30,00. O profissional não se deu por achado. Respondeu, à guisa de desculpa (esfarrapada), que realmente o preço tabelado é 35 cruzeiros, mas que um “pedaço bom” tem que ser mais caro. Não protestamos, nem fizemos “comício” ante o atrevido áto do açougueiro. Apenas respondemos que pagaríamos o preço justo, ou não levaríamos a carne naquelas condições. Está claro que pagamos o preço legal e levamos o produto. Mas aquí fica o registro, para conhecimento público e para as providências que se fizerem necessárias.

Extraído do Correio de Marília de 10 de janeiro de 1956

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