Se assim fosse... (9 de fevereiro de 1957)

O jornalista – do interior ou das capitais –, quer seja aquele que conduz, com orgulho, um pergaminho debaixo do braço, que seja o outro – o “tarimbeiro” –, não é bem aquilo que muitos pretendem que seja.

Escrever para o público é tão ou mais difícil do que representar num palco. É dificílimo agradar, ao mesmo tempo, à Pedro e a Paulo. Os gostos e às preferências diferem. Se elogiamos uma autoridade – merecidamente, bem entendido –, ganhamos a estima da mesma, bem como daquela parcela que é partidária desta; simultaneamente, caimos na antipatia dos adversários da pessôa referida.

Se afirmamos que a chuva destes dias veio em bôa hora, trazendo para nossa lavoura de arroz, benefícios inumeráveis, somos contraditos imediatamente por aquele que arrancou o amendoim, empilhou-o na lavoura e não teve tempo para transporta-lo à u’a máquina ou armazem.

Se dissermos que a chuva está sendo muita, por certo seremos bombardeados.

Dizem os grafólogos, que ao jornalista e o escritor, deixam de antever nas entrelinhas de seus escritos, a formação de um carater. Assim sendo, somos já demasiadamente conhecidos, por todos aqueles que nos acompanham através das colunas do “Correio”, ha tantos anos.

Como em todas as profissões, temos tambem os nossos “óssos do ofício”. Se não somos infalíveis, somos, graças a Deus, bem intencionados e francos. E como francos apreciamos a sinceridade de todos. Gostamos daqueles que abordam conosco os pontos de vista por nós externados, apoiando os nossos pensamentos ou contradizendo nossas idéias. Sentimo-nos satisfeitos quando isso acontece.

No entanto, embora sem dar muita importância ao fato, condenamos aqueles que se utilizam do covarde anonimato, para aprontar “gozações” baratas sobre os que trabalham com vontade de servir bem, fazendo, por outro lado, jús ao pagamento dos serviços prestados.

Nosso companheiro Anselmo, publicou ôntem um bilhete anônimo que lhe foi enviado por um cafajeste, acompanhado de um(a) cruz de madeira. Acontece que o rapaz já está “na pista” do atrevido, bem como do “autor intelectual” da brincadeira de mau gosto. E o pior, é que se forem confirmadas as suspeitas, estourará uma verdadeira “bomba”, envolvendo nomes de dois cafajestes tidos como “gente bem” entre nós!

É o tal negócio: Quem não tem “rabo de palha” não tem medo(.) E quem anda “bolindo” com o “Correio” ultimamente, pelo que apuramos, ostentam algum...

Mas a vida é assim mesmo e quem escreve para o público não póde realmente agradar a gregos e troianos... e muito menos a invejosos.

Se assim fôsse...

Extraído do Correio de Marília de 09 de fevereiro de 1957

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O jogo do bicho (26 de outubro de 1974)

O Climático Hotel (18 de janeiro de 1957)

“Sete Dedos”, o Evangelizador (8 de agosto de 1958)