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Mostrando postagens de abril, 2008

O crime da enfermeira (1º de fevereiro de 1956)

Há pouco, foi a Capital da República abalada, com o desenrolar de um horripilante crime de morte: numa mala foi encontrado um cadaver de um homem, esquartejado e sem a cabeça. A polícia carioca estava atarefada com as investigações para descobrir o autor do monstruoso esquartejamento, quando surgiu uma pista, fornecida pelo motorista de praça, Adriano Augusto Lourenço. Em vista disso, a enfermeira Maria da Penha Pereira, de côr, empregada do Hospital Souza Aguiar, foi detida para interrogatório. Bem “baratinada” pela polícia, Maria da Penha “deu o serviço”. A enfermeira vivia amasiada com a vítima – Américo José da Silva –, há alguns anos. Ultimamente, Américo vinha maltratando a amante, segundo esta declarou. Uma ocasião, o homem sentiu-se doente e pediu à companheira que lhe aplicasse uma injeção de penicilina. Maria da Penha que há muito vinha ensaiando uma vingança contra o amigo, viu surgir a oportunidade. Ao regressar à casa, injetou em Américo uma ampola de entorpecente. Quando

Aspiradores de lança-perfume (31 de janeiro de 1956)

Não sabemos bem qual a dosagem etílica disso que se chama lança-perfume e que é complemento indispensável para o tríduo (que é quatríduo) momesmo. O que é certo é que a substância etílica não é das menores e sua aspiração não se recomenda a ninguém. No entanto, nesses bailes tipo “aperitivos carnavalescos”, já se têm verificado, à miude, o abuso dessa prática. Pessoas de ambos os sexos, adultos e crianças, vivem aí, em salões de baile, na vista de todo o mundo, com lenços ensopados de éter, aspirando tal substância. Também não temos elementos para dizer das consequências da embriaguez por aspiração de líquido de lança-perfume. Cremos, no entanto, tratar-se de uma embriaguez tanto ou mais consequenciosa do que a do próprio álcool. As autoridades policiais, os dirigentes de clubes, todos, enfim, deveriam trabalhar, no sentido de coibir o uso dêsse expediente. Sábado último, num clube da cidade, observamos um garoto “enchendo o nariz” com o lenço embebido em lança-perfume. O rapazinho par

A COMAP precisa trabalhar (28 de janeiro de 1956)

A COMAP, que teve um “período róseo”, quando da curta gestão do sr. Washington Simões, precisa agora, mais do que nunca, voltar às suas atividades em pról do povo. Os abusos que se verificam, por todos os pontos e em todos os sentidos, no que diz alusão a desrespeito aos preços dos mais variados gêneros e utilidades, carecem de um dique. Domingo passado, no Mercado Municipal, vimos uma senhora pagar cinco cruzeiros por um pé de alface! Parece incrível, não é? O açúcar deu outro “pulinho”. A carne, apesar de tabelada (fala-se em novos aumentos) é vendida por preços maiores, tôdas as vezes que o freguês adquire frações de quilo. Se o consumidor se der ao trabalho de fazer cálculo do peso e dos cruzeiros, em proporção ao custo da unidade de quilograma, constatará o que estamos afirmando. Êsse fato se repete, seguidamente, por parte da maioria dos açougueiros da cidade. O tomate, o xuxú (imaginem!), a banana e tôdas as espécies de verduras e frutas foram às nuvens. Muita coisa não pode ser

A capacidade de criticar (27 de janeiro de 1956)

Capacidade de criticar não é qualquer que possui. Um indivíduo, para criticar determinada ação, precisa, antes de mais nada, saber onde tem o nariz. Precisa também ser sensato, objetivo e ter conhecimento de causa. Não se pode admitir um crítico de cinema, rádio, futebol ou coisa que o valha, que não conheça à altura a matéria a ser criticada. O “ouvi falar” ou “disseram” não fica bem para nenhum crítico, principalmente para os gratuitos e incompetentes, embora tenham capacidade para outros misteres. Essa coluna tem um crítico ferrenho – doentio mesmo. O homem pega o jornal e devora o que escrevemos. Depois começa a “analisar” os nossos erros. Todos êles: de ortografia, de lógica, de perfeição, de oportunidade, etc.. Nunca êsse indivíduo, que é um boçal perfeito (trajado de “gentleman”), encontrou um único artigo nosso, que estivesse a contento. Jamais um assunto por nós abordado, mereceu a sua aprovação. O homem é positivamente “do contra”, com respeito aos nossos escritos diários. “M

Gente Feliz! (26 de janeiro de 1956)

Hoje em dia, em quase tôda a infância, a vida norte-americana tem forte influência na formação moral de grande parte dos povos do mundo. Exceto na Rússia e em outros países satélites do bolchevismo, o americanismo é bastante admirado. Na realidade, é o povo que melhor sabe impressionar e fazer sua propaganda no exterior. Começando pelo cinema, os norte-americanos sabem empolgar e influir psicologicamente nos espíritos em formação e mesmo naquêles que pensam sensatamente e que têm, por excelência, princípios democráticos. O autor destas linhas, esteve em sua infância, perdido de amores pelos “yankees”, em conseqüência das histórias apreciadas em películas cinematográficas. Posteriormente, passou a sentir uma certa repulsa pelos norte-americanos, quando, erroneamente, os interpretava como um povo desalmado e conquistador, intransigente em seus postulados doutrinários e convencido de si próprio. Mais tarde, tivemos o ensejo de viver, compulsoriamente, por mais de um ano, com aquêle povo.

Uma boa administração (25 de janeiro de 1956)

Não é nosso intuito escrever para agradar quem-quer-que seja. Tampouco pretendemos dispensar elogios ou palavras engrandecedoras, com o mero fito de bajular. Os assuntos que abordamos diariamente neste editorial, são os que entendemos como oportunos e de interêsse geral. Assim sendo, cumpre-nos pôr em evidência, já os primeiros frutos da administração inicial do dr. Miguel Argollo Ferrão, atual Prefeito Municipal. S. S. assumiu o cargo de Governador da cidade, com vontade de trabalhar realmente. Voltado inteiramente a todos os setores que digam respeito aos interêsses do município e dos munícipes, o dr. Argollo está deixando bem patente, que, sem alardes, é capaz de trabalhar. Já se notam diferenças apreciáveis em diversos setores da vida mariliense: estradas, feiras livres, limpeza da cidade, etc. O dr. Argollo principiou por exigir dos servidores municipais, maiores atividades, maior interêsse pela causa da “urb”. Interessado como sempre com o problema da água, está desenvolvendo aç

O carnaval que se aproxima (24 de janeiro de 1956)

Vem aí o carnaval. Festa do povo por excelência. Quase todos participam, de um ou outro modo, das folias momescas. Mesmo aquêles que não “entram em cordões”, que “não se esbaldam” e “não se acabam” em bailes carnavalescos, gostam sempre de sair às ruas, para apreciar o movimento louco de muita gente que comete verdadeiras loucuras nesses dias. Pensando bem, o povo tem mesmo que se divertir. Principalmente o povo brasileiro, que vive num “batente” tremendo durante o ano todo. A expansão é natural e não pode ser censurada. O que se condena nos praticantes das folias carnavalescas, são os excessos que por vezes se verificam, em diversos pontos, mal justificados como “brincadeiras” de carnaval. Nós, em absoluto, somos contra o carnaval. Achamos ser de justiça a brincadeira que é tradicional no Brasil. Mas um divertimento sincero, sem malícias. Sim, pois hoje em dia, a maioria dos foliões encara as brincadeiras carnavalescas como motivo de vazão a atitudes exageradas e por vezes imorais. Le

O carnaval e seus “sucessos” (21 de janeiro de 1956)

Aproximam-se os dias que traduzem folia, liberdade e loucura para muita gente – o carnaval. É a ocasião em que a maioria dos brasileiros se diverte, cada qual à sua maneira. O rico, gastando fortunas em fantasias de luxo, caríssimas e quase sempre exóticas; bebendo “whisky” e praticando, às vezes, desfaçatezas sem par, que, em outras ocasiões viriam ridicularizá-lo. O pobre, contentando-se em ver o carnaval de rua; os que não são ricos e pretendem se divertir nas folias de Momo, o fazem de um modo bem simples: com uma cuíca ou um tamborim, uma camisa listrada... e muita cachaça. O carnaval é a festa do povo, por excelência. Muita gente participa dessa alegria, com o fim de divertir-se. Outros, sob o pretexto de carnaval, usam e abusam de liberdades inenarráveis. Há, todavia, os que “brincam o carnaval” santa e inocentemente: as crianças. Bem, nosso assunto não é propriamente o carnaval e sim as músicas carnavalescas. Melhor dizendo, as letras das músicas carnavalescas. Já perceberam os

Lagrimas... (20 de janeiro de 1956)

Lágrimas de mulher, quando sinceras, tocam a sensibilidade de todos e as portas do mais empedernido coração. Quando espontâneas, são sublimes, puras, como puras são as águas cristalinas que brotam das cachoeiras. Dignas de respeito, quando verdadeiras, porque externando a convulsão de um íntimo revolto, fazem vibrar o sentimento de respeito ou compaixão. Lágrimas de homem são coisas escassas. Principalmente hoje, quando os “barbados” vivem atormentados com as atribuições da vida de cada dia, sem tempo suficiente mesmo para outras coisas mais úteis e urgentes, “cavando” uns minutinhos para dar uma apertadela nos cintos e realizando cálculos matemáticos incríveis. Em verdade, o pobre faz extraordinárias operações de aritmética. Lida com pequeninos cifrões, tentando encobrir enormes despesas. Numa comparação grosseira, até procura, sem o desejar, imitar o milagre de Cristo; só que ao invés de multiplicar o pão e o vinho, tenta “espichar” diminutos salários para pagar grandes despesas... M

Homenagem às Forças Armadas (19 de janeiro de 1956)

O povo de São Paulo vai prestar, no próximo dia 22, em Ibirapuera, uma significativa e sincera homenagem ao Exército, Marinha e Aeronáutica, nas pessoas dos srs. general Olímpio Falconiere da Cunha, general Stênio de Albuquerque Lima, brigadeiro Netto dos Reis e outras altas patentes da Marinha. Assim, as Forças Armadas do Brasil, simbolizadas nas personalidades iminentes de grandes militares – do Exército, Marinha e Aeronáutica –, receberão do povo paulista, expressivas manifestações de carinho e agradecimento. Gratidão pela democrática atuação que desempenharam, por ocasião dos acontecimentos memoráveis de novembro passado, quando, em louvável e patriótica ação, bem souberam interferir na própria vida do país, dando ao povo brasileiro, as garantias das instituições democráticas e evitando inutil derramamento de sangue. A comissão encarregada dessa homenagem inédita, elaborou um vasto programa, ao qual chegam adesões diariamente, inclusive de cidades mais próximas à Capital. Intelectu

Um “Teto” que é uma Teta (18 de janeiro de 1956)

Certa classe funcional de arrecadadores fiscais, fizeram pressão há pouco, contra a pessoa do Diretor das Rendas Internas do Ministério da Fazenda. Por um motivozinho à toa! Pleiteiam os ditos funcionários, um “teto” de 70 a 100 mil cruzeiros mensais e o aludido diretor, ofereceu-lhes, na ocasião, “penas” “excuzes du peu”, 40 contos de réis! Enquanto isso, o salário mínimo do Brasil continua a ser, como sempre, “salário de fome”. A desabalada carreira do aumento do custo de vida, os descontroles que se verificam intermitentemente em vários setores de nossa vida econômica, o fenômeno das investidas dos intermediários gananciosos e muitas coisas mais, continuam fazendo da maioria do povo brasileiro, o miserável eterno, o malabarista inconfundível, que só vive de teimoso. Sendo um mil e poucos a dois mil e tantos cruzeiros o nível de salário mínimo no Brasil, para a classe que constrói a grandeza da nação, a enormidade dêsse absurdo não pode ser medida com sensatez. A respeito, citemos, c

O presente do Governo Americano (17 de janeiro de 1956)

O fato passou-se há tempos. No trivial das coisas corriqueiras, divulgadas muitas vezes pela imprensa, poderia ter passado despercebido para a maioria de nossa gente. A notícia, um tanto lacônica, dava conta, mais ou menos do seguinte: Um lavrador de Minas Gerais, com dificuldades naturais de quase todos os agricultores, necessitando de um “jeep” para os seus trabalhos e condução até a área cultivada e não tendo recursos suficientes para adquirir o veículo, teve uma idéia luminosa: pedir, “na faixa”, um “jeep” ao sr. Harry Truman, então Presidente dos Estados Unidos da América. Se assim pensou, melhor executou o plano. Escreveu ao chefe do govêrno norte-americano, longa carta. Citou sua sitaucao, sua condição de lavrador, suas necessidades. Mencionou as vantagens que lhe proporcionaria um “jeep” ou outro carro, mesmo reformado e antigo, para bem desempenhar suas atividades. Assinou a carta, deitando o envelope no correio. Depois, esqueceu o fato. Acontece que passados alguns meses, o h

O prédio próprio da A.C.M. (14 de janeiro de 1956 )

Em nosso artigo de ôntem, fazíamos algumas considerações acerca da brilhante conquista da Associação Comercial de Marília, construindo um prédio próprio em ponto central, para a instalação de suas dependências. Na ocasião comentavamos o que representa a referida entidade de classe, suas lutas, seus trabalhos, as finalidades que norteiam suas diretrizes. E fazíamos tais alusões, com o mesmo espírito que sempre nos moveu a pôr em evidência, os acontecimentos que, de uma ou outra forma, representam trabalho, atividades, progresso de Marília. Realmente, a concretização dêsse melhoramento (como se não bastasse a linha de conduta da aludida Associação, altamente elogiável), já seria o suficiente para merecer um de nossos comentários. A Associação Comercial de Marília é uma entidade, repetimos, que bem representa a classe comercial da “cidade menina”, advogando as causas e coisas do comércio local. É estranhável, no entanto, que Marília, possuindo 1.800 comerciantes legalizados, apenas 300 se

A séde da Associação Comercial (13 de janeiro de 1956)

Se o comércio local possui um órgão representativo dos mais lídimos e significativos, é êsse, sem dúvida, a Associação Comercial de Marília. Advoga, por excelência, em todos os pontos e circunstâncias, os interesses e reivindicações que surjam para os comerciantes da cidade. Inúmeros são os tentos lavrados pela Associação Comercial de Marília, dentro do próprio progresso da “cidade menina”. A A.C.M. é uma entidade de classe que traduz um orgulho imenso para os marilienses, uma garantia para o comércio e um baluarte de lutas destinado a acelerar o desenvolvimento da própria vida de Marília. Defende, sem acobertar. Representa, sem visar objetivos que possam merecer a mínima censura. Em sua linha de frente, incontáveis são as batalhas vencidas. O seu campo de ação é vastíssimo. Serviçal, desde os seus primórdios, têm se constituído num pedestal de garantias e certeza dentro da órbita propulsora do desenvolvimento comercial da cidade. Sem dar guarida a burocracia baralhante e indesejável,

Produção e transporte (12 de janeiro de 1956)

Dois problemas de suma importância para o futuro do Brasil, são, inegavelmente, as causas da produção e transporte. Duas questões, que, dentre outras, devem merecer cuidados especiais do Sr. Juscelino Kubitschek, Presidente eleito em 3 de outubro pretérito (1955). Há tempo, propugna-se no Brasil, a luta cerrada pela lavoura mecanizada, a fim de colocar o nosso país no seu devido lugar, com referência ao campo produtor, de vez que são imensas as áreas cultiváveis e de excelente qualidades as nossas terras. Tudo o que se planta, no Brasil dá. O clima favorece a cultura dos mais variados cereais, e, se uma política bem orientada existisse a respeito, por certo o Brasil seria um grande exportador, ao invés de ser um importador respeitável. O amparo ao lavrador rural têm sido, desde o limiar da República, deficientissimo. Jamais teve o nosso caboclo, garantia de preços mínimos, fornecimento satisfatório de sementes e inseticidas, financiamento agrícola. Nunca teve facilidades para mecanizar

Poliomielite, terrível mal (11 de janeiro de 1956)

A despeito dos interesses e esforços ingentes da ciência médica, não se conhece, ainda, um antibiótico positivo, capaz de debelar de modo categórico, a paralisia infantil, doença que tantas e tantas vítimas têm feito em todo o mundo. O mal terrível, tem deformado milhares de criancinhas, deixando, naquelas que escapam à morte, a marca indelével de sua passagem. Os Estados Unidos, a Inglaterra, Rússia, França e mesmo o Brasil, estudam continuadamente processos capazes de descobrir a origem do suposto vírus déssa doença. Muita coisa já foi feita, concernente à prevenção e mesmo melhoria desse terrível mal. No entanto, ainda não conseguiram os homens da ciência médica, localizar o ponto originário da doença, descobrir como nasce a moléstia tão nefasta, que tanta infelicidade tem causado à inúmeras criancinhas de todos os quadrantes do globo. Não há muito, foi nosso Estado alarmado com um surto de poliomielite, surgido na localidade de Bilac, próxima à cidade de Birigui, na noroeste. Agora

Carne a mais de Cr.$ 40,00! (10 de janeiro de 1956)

Existe em Marília, uma tabela estipulando o preço de carne de vaca, de primeira qualidade, à razão de Cr.$ 30,00 cruzeiros por unidade de quilo. A referida tabela, por si só, já apresenta um erro grande, concernente aos tipos de carnes. Tanto com ossos como desossadas, o preço é idêntico, o que está errado. Acontece que muitos açougues de Marília estão desrespeitando a tabela, em detrimento da economia popular. Estão vendendo a carne a preço que por vezes chega a atingir quarenta e cinco cruzeiros o quilo. Explicando melhor, vendem pesos de carne, inferiores a uma unidade de quilo, por preços que, proporcionalmente, ultrapassam os normais (que já são elevadíssimos). Não pensem os leitores que estamos divagando sobre a questão. O redator déstas linhas deu-se ao cuidado de verificar, pessoalmente, tais fatos. Vários açougues cobram da maioria dos freqüentadores, 28, 30 e 32 cruzeiros, por um peso de 600 a 700 gramas. Nessas condições, o quilo de carne sai para mais de quarenta cruzeiros,

Começou mal o bissexto (6 de janeiro de 1956)

Não há (como) negar que o ano bissexto “entrou” mal. Pelo menos para os póbres, para os menos afortunados, aqueles que mal percebem, pelos seus trabalhos, o salário mínimo. Elevação do adicional vigente, aumento do custo de utensílios imprescindíveis, como roupas, calçados e medicamentos, a “subida” dos cigarros, fósforos e inúmeras “cositas más”. O paulistano recebeu, tambem, como “presente”, novo aumento nas tarifas de sua condução. A manteiga deu o seu “saltinho”. Até os cinemas da Capital estão entabolando providências para esfolar ainda mais o público, com novos aumentos de preços. Até o preço das entradas para o Pacaembú, por ocasião do “clássico” que será realizado no domingo, entre os quadros do São Paulo F. C. e do Palmeiras, será aumentado! Se não fomos mal informados, parece que as ferrovias tambem vão aumentar os preços de suas tarifas de transportes! Até os sorvetes subiram! Já se paga cinco cruzeiros por um refresco em Marília. Um de nossos companheiros de redação levou u

Prognósticos... (5 de janeiro de 1956)

Não há exagero, não. Não estamos pintando em preto o quadro da vida do póbre. Não, porque não há tinta preta que apareça mais no painel do “modus vivendi” nacional. Uma pincelada do preto pessimista, já não é mais destacável, nem com o microscópio... O fósforo subiu cem (?) por cento. Os cigarros subiram. Os calçados, idem. Roupas, então nem se fala. Verduras, frutas, feijão, arroz. Os empregados de farmácias tem nova atribuição: alterar, diariamente, os preços das drogas e medicamentos. Para mais, é claro. Da maneira como caminham as coisas, daqui há pouco, estaremos nas seguintes contingências: Uma caixa de fósforo, Cr.$ 5,00. Um maço de cigarros, vinte. Uma dúzia de grãos de feijão, 50 cruzeiros. Uma injeção de vitamina, 800 cruzeiros. Um frango, 200 cruzeiros. Um par de sapatos, Cr.$ 1.500,00. Um quilo de carne, Cr.$ 100,00. Isto sem falar sobre o leite, que subirá, infalivelmente. Bem, carne e leite, não faz mal que subam de preços. Os póbres não comem carne e não tomam leite há m

Foguetório da madrugada (4 de janeiro de 1956)

Está errada a atitude de pessoas, ou grupos de pessoas, que, por motivo de comemorações de qualquer coisa, data ou efeméride, principiam a espocar fogos durante altas horas da noite ou em pleno amanhecer. Não encontra, tal proceder, apôio de quem-quer-que-seja, pelos inconvenientes que traz consigo. Quem trabalha durante todo o dia, tem o direito de repousar sossegadamente durante a noite, para reiniciar a luta do dia imediato. Portanto, condenamos, em alto e bom som, o foguetório abusivo que se verificou na madrugada de ôntem, em vários pontos da cidade, mais ou menos pelas cinco horas. É falta de respeito patente pelo próximo, é desconsideração flagrante para com as autoridades policiais, que, terminantemente, proíbem a queima de fogos e barulhos infernais que prejudiquem o sossego e o bem estar públicos. Quem assim agiu, deve responder pelos átos, perante as autoridades competentes. Deve dar as necessárias explicações de tal abusivo proceder. Se isto continuar, do jeito que vão as c

Ao trabalho, senhores (3 de janeiro de 1956)

Já se encontram à testa dos destinos municipais, os novos poderes sufragados pela vontade popular, no pleito de 3 de outubro (de 1955). No dia primeiro, domingo, em solenidade de gala, o meritíssimo Juiz de Direito e Eleitoral da Comarca, deu posse aos vereadores eleitos. Estes, por suas vezes, elegeram a Mesa da edilidade e empossaram o Prefeito Argolo Ferrão e o Vice-Prefeito Otávio Barreto Prado. Um fato merece destaque, nas referidas solenidades, foram os propósitos externados por todos os representantes das diversas bancadas com assento na Câmara Municipal: o intuito inequívoco de um entrosamento perfeito entre os dois poderes – legislativo e executivo –, colimando única e exclusivamente, trabalhos em benefício de Marília e seu grande povo. E nós, ao registrarmos o acontecimento, fazemos votos para que as promessas exteriorizadas na ocasião da aludida solenidade, venham, de fato, a perdurar por todo o período do Governo municipal que ôntem se iniciou. Que os pontos de vista declar

“Óleo negro” (2 de outubro de 1946)

Para aqueles que alimentam as razões simplistas de carater pejorativo, ou para aqueles apaixonados, que rezam por cartilhas de sentimentos contrarios aos genuinamente nacionais, por certo a notícia do jorro do petróleo veiu em má hora. Em má hora convenhamos, na concepção doentia e na mentalidade feirante dessa gente, que, ou não pulsa com a vida brasileira, ou aspira transformar estas terras, em colonias escravas de outras raças e de outros costumes. Para aqueles outros, que arfam e se sentem derramantes de orgulho, por estarem sobreados pelo sacrosanto Pavilhão Verde e Amarelo, o motivo ostenta um prisma diferente, um aspecto diverso, um encare contrário. Não poderia ser diferente e nem tãopouco seria possível, que vingassem quaesquer motivos de apatismo, pelos interesses nacionais, por parte daqueles que têm amôr à esta Terra de Santa Cruz e, que, pugnam pelo ideal de brasilidade. Aqueles indivíduos que defendem estas plagas, pensando por elas, apontando suas vagas e opinando sobre

Amôr à terra (1º de outubro de 1946)

Ainda podemos encarar este Brasil com otimismo, em quase todos os seus pontos de vista naturais. É bom demais, e é pena, que alguns nativos desnaturados ou alguns estrangeiros mal agradecidos ou menos reconhecidos, queiram levá-lo ao jugo autoritário de doutrinas exóticas, apunhalando-o pelas costas, traiçoeira e covardemente. Verdade, é que temos as nossas falhas, que jamais fugimos em reconhecê-las. Pelo contrário, temos o desprezível hábito de desvalorizar e desmoralizar o que é nosso próprio, mesmo o que ainda possue algum valor e algum moral. E a arma que empunha essa classe de indivíduos, para lutar conôsco mesmo e com o Brasil, é a difamação, a calúnia, o anonimato e outras do mesmo ról. Mas, nossos atrazos na modernização do século, tem suas justificativas, e, qualquer pessôa de bom senso não se esvairá em aceitar ou reconhecer. Em primeiro lugar, nossa terra foi descoberta, explorada, abandonada por mais de meio século, onde se transformou num covil de ladrões e aventureiros.

Marília industrial (18 de setembro de 1946)

Vi há pouco, num matutino paulista, uma demonstração estatística das indústrias no Estado de São Paulo. Foi pena, entretanto, que a referida exposição se prendesse ao exercício findo em 1944, sendo que nós já avançamos cerca de dois anos dessa alusão. Eu disse “foi pena”, porque gostaria que o citado relato dissesse respeito ao exercício cadente e mitigasse a natural curiosidade, que em mim nasceu no mesmo sentido. Relativamente, é fantástico. Marília é uma “cidade menina”, que se apóia agora, na tentativa difícil dos primeiros passos. Principia a florescer, desabrochando agora, acordando para o próprio e vertiginoso progresso. Disso, todos nós nos ufanamos, com um orgulho justíssimo e profundo, e estamos helmeticamente certos, de que, ser mariliense, autêntico ou não, é um motivo impendivel de satisfação e orgulho. E é mesmo, incontestavelmente. Qualquer pessoa que arfa com estes ares, pugnará por estas paragens acolhedoras e exuberantes. Marilia deixou atraz, quase a totalidade de su