O CORPO DE BOMBEIROS É UMA NECESSIDADE (20 de março de 1956)

Vimos, há pouco, mais um incêndio lavrava em Marília, devorando uma indústria de móveis e mais duas residências, sem que nada fosse possível fazer, exceto a intervenção da boa vontade de populares e pessoas interessadas, que, rudimentarmente (e numa atitude louvável), executar sacrifícios sem conta na luta contra as chamas.

Êste não foi o primeiro e por certo não há de ser o último incêndio em Marília.

Nosso jornal, através dos comentários despretenciosos do autor desta coluna, já desde o fim de 1945 vem propugnando pela criação em Marília de um Corpo de Bombeiros Municipal. Agora, tendo em vista um requerimento do vereador dr. Lourenço Senne, datado de junho de 1954 e tendo em vista providência semelhante, recente, do vereador Nasib Cury, dispondo sôbre idêntica questão, temos maior força para vir a público e batalhar por essa causa. Não há necessidade que explanemos nesta Folha, as necessidades irretorquíveis que representa êsse melhoramento necessário em nossa cidade. Apenas conhecendo a luta dêsses dois edis, emprestamos nosso apôio e colaboração, sugerindo, se aproveitáveis, as seguintes medidas.

Se houver uma colaboração do próprio povo, comércio e indústria de Marília, essa urgência poderá ser concretizada, mesmo que demande trabalhos e algum tempo. Da seguinte maneira, se não for possível pelos meios oficiais: Uma comissão especial, constituída pelo sr. Prefeito, vereadores e outras pessoas de nossa cidade, se incumbirá, inicialmente, de arregimentar os fundos. Lançar-se-á mão, inicialmente, da subvenção oficial legal, mesmo que seja pequena. Procurar-se-á o apôio do comércio e indústria, as partes mais diretamente interessadas – se bem que o interêsse na salvaguarda e defesa do fogo é geral. Cada comerciante ou industrial, espontaneamente, se proporá a contribuir com um auxilio que êle mesmo fixará, para ser pago mensalmente, em doze prestações. As importâncias assim arrecadadas, ficarão sob a guarda do tesoureiro da comissão referida, que as depositará em Banco ou Caixa Econômica, rendendo os juros legais. Mensalmente, a imprensa poderá divulgar o montante dessas importâncias, bem como o total geral. No fim de um ano, sem sombra de dúvida, ter-se-á a quantia suficiente, se não para pagar o total das despesas que advirão com a compra dos equipamentos e material necessário, pelo menos a maior parte do montante dêsses gastos. Se remanescer dividas a saldar, após decorrido êsse ano de prazo, a amortização futuro far-se-á com parte da subvenção oficial, após controlada a despesa anual prevista.

Temos certeza de que assim, o próprio povo, o comércio e a indústria de Marília, aproveitando a subvenção oficial, poderão dotar a cidade com êsse melhoramento imprescindível. Acreditamos que ninguém se negará a colaborar nessa campanha que diz interêsse direto a Marília e seu povo, ao seu comércio e indústria. E essa colaboração será espontânea e de conformidade com as possibilidades de cada um: aquêle comerciante ou industrial que puder consignar durante um ano, 100 cruzeiros, o fará nobremente. O outro, que puder depender de 500, 1.000 ou mesmo 5.000 cruzeiros mensais, durante doze meses, também o fará de ver que a causa da luta é nobre e indiscutível.

Entendemos que só assim poderemos ter em Marília um Corpo de Bombeiros. Só assim, repetimos, porque a sua instalação ficará cara e os poderes constituidos jamais poderão premiar Marília com êsse melhoramento, apesar do muito que a “cidade menina” contribui para os cofres estaduais.

Aqui fica mais essa sugestão, aos senhores vereadores, principalmente ao dr. Lourenço Senne e Nasib Cury, que “já estão com a mão na massa”.

Extraído do Correio de Marília de 20 de março de 1956

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